quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Transgénicos

A nova moda dos movimentos ecologistas, desde o vandalismo na colheita de milho em Silves, é precisamente a questão dos alimentos transgénicos. A comunidade científica ainda não chegou a consenso de saber se sementes alteradas geneticamente para resistir a pragas e outros riscos próprios da agricultura são prejudiciais ou não para a saúde de quem os consome. Existem opiniões válidas, de ambos os lados.
Há dias, uma manifestação de elementos do Greenpeace e de movimentos ecologistas portugueses civilizados (no entanto, não me espantaria que no meio de tanto folclore estivesse um ou outro “ceifador” do milho de Silves) fez-se ouvir em frente ao Hotel onde os vários ministros europeus da agricultura se reuniam “informalmente”. O tema era, precisamente, transgénicos.
Ouvi uma das manifestantes (não me recordo se era líder de algum dos movimentos ou não) dizer que a mensagem que se queria transmitir aos ministros era um direito à escolha entre consumir ou não um produto transgénico, no fundo, a obrigatoriedade de se rotular, no produto, se este é transgénico ou não. Nisto nada me fez confusão, aliás, concordo inteiramente com a ideia, até me arrisco a dizer, apesar de não ser especialista no assunto, que será um direito que assiste ao consumidor.
Mas logo depois da comunicação da manifestante vem a incongruência: Os cartazes da manif não referem direito à escolha ou livre opção… Apenas têm os slogans: Transgénicos Fora! Out!
E o direito a consumir transgénicos? Se são mais baratos (as culturas têm menos risco de serem destruídas) e se até agora não está absolutamente provado de que são nocivos, porque é que não há essa opção? É que pelos cartazes, a ideia que passa é um direito à escolha estranho, basicamente a escolha de consumir não-transgénicos ou então não consumir de todo! Parece um pouco como a ideia de liberdade da extrema esquerda, “a liberdade boa, democrática, é a que nós queremos e fazemos, quem não gosta é fascista”.
O direito a consumir ou não consumir transgénicos é, até prova em contrário, um direito igualmente respeitável. E é bom que quem mais se interessa com este tema nunca se esqueça disso. Quer os que querem os transgénicos fora da Europa, quer os que cultivam esses alimentos e fazem disso ganha-pão.


P.S. – E os arruaceiros de Silves? Alguém já ouviu alguma notícia do suposto “inquérito urgente” que se ia fazer?

2 comentários:

Anónimo disse...

Caro João,

Sobre a incongruência entre o direito de opção e os cartazes "Transgénicos Fora!", deixo a sugestão da leitura do documento "Coexistência Impossível", publicado pela Greenpeace, sobre vários casos de contaminação de culturas convencionais e Biológicas em Espanha: http://www.greenpeace.org/international/press/reports/impossible-coexistence

De facto, o direito de cada um a consumir ou produzir aquilo que entende, é respeitável, desde que isso não interfira com a liberdade (de opção) de outrém.

Convido-o ainda a visitar o meu blogue (infelizmente com publicações não tão regulares quanto gostaria) em http://ingenea.pegada.net.

Cumprimentos,

Gualter Barbas Baptista

João Fachana disse...

"De facto, o direito de cada um a consumir ou produzir aquilo que entende, é respeitável, desde que isso não interfira com a liberdade (de opção) de outrém."

De facto, é uma ironia ler estas suas palavras quando manifestantes do movimento de que é porta-voz desrespeitaram esse mesmo direito e você, pelo que li no seu blog, apoiou vivamente...